segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Viejo Brujo


Viejo Brujo

Assim era conhecido Jorge Luis Borges, escritor e poeta argentino. Ficou cego aos 56 anos e passou a ditar seus livros a amigos e assistentes, depois para sua secretária Maria Kodama, com quem casaria em 1986, pouco antes de morrer. É impossível ler Jorge Luis Borges e não se inebriar com o seu jeito simples e luminoso de falar às almas. A biografia do Viejo Brujo é envolvente, desde o seu despertar prematuro para as letras até a espera do Nobel – que não veio até a data da sua morte.

Eu sempre acho que a poesia nunca é demais. Então aí vai uns versos do Viejo Brujo:

UM CEGO

Não sei qual é a face que me mira

quando miro essa face que há no espelho;

e desconheço no reflexo o velho

que o escruta, com silente e exausta ira.

Lento na sombra, com a mão exploro

meus traços invisíveis. Um lampejo

me alcança. O seu cabelo, que entrevejo,

é todo cinza ou é ainda de ouro.

Repito que perdi unicamente

a superfície vã das simples coisas.

Meu consolo é de Milton e é valente,

porém penso nas letras e nas rosas.

Penso que se pudesse ver meu rosto

saberia quem sou neste sol-posto.

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