
Viejo Brujo
Assim era conhecido Jorge Luis Borges, escritor e poeta argentino. Ficou cego aos 56 anos e passou a ditar seus livros a amigos e assistentes, depois para sua secretária Maria Kodama, com quem casaria em 1986, pouco antes de morrer. É impossível ler Jorge Luis Borges e não se inebriar com o seu jeito simples e luminoso de falar às almas. A biografia do Viejo Brujo é envolvente, desde o seu despertar prematuro para as letras até a espera do Nobel – que não veio até a data da sua morte.
Eu sempre acho que a poesia nunca é demais. Então aí vai uns versos do Viejo Brujo:
UM CEGO
Não sei qual é a face que me mira
quando miro essa face que há no espelho;
e desconheço no reflexo o velho
que o escruta, com silente e exausta ira.
Lento na sombra, com a mão exploro
meus traços invisíveis. Um lampejo
me alcança. O seu cabelo, que entrevejo,
é todo cinza ou é ainda de ouro.
Repito que perdi unicamente
a superfície vã das simples coisas.
Meu consolo é de Milton e é valente,
porém penso nas letras e nas rosas.
Penso que se pudesse ver meu rosto
saberia quem sou neste sol-posto.
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