
MAIOR TORTURA
Na vida, para mim, não há deleite.
Ando a chorar convulsa noite,
E não tenho nem sombra em que me acoite,
E não tenho uma pedra em que me deite!
Ah! Toda eu sou sombras, sou espaços!
Perco-me em mim na dor de ter vivido!
E não tenho a doçura duns abraços
Que me façam sorrir de ter nascido!
Sou como tu um cardo desprezado
A urze que se pisa sob os pés,
Sou como tu um riso desgraçado!
Mas a minha Tortura inda é maior:
Não ser poeta assim como tu és
Para concretizar a minha Dor!
Toda vez me deparo com um poema novo (pra mim) de Florbela Espanca. É sempre uma descoberta dela e de mim.
Um comentário:
Eu adoro as dores de Florbela Espanca. Minha poeta preferida.
Eu também, Vanessa, sempre me surpreendo com o novo desta maravilhosa portuguesa.
Beijos
http://www.circodapoesia.blogger.com.br
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